(Apagado o primeiro "Nuvens de Orvalho", e depois de grande interregno, surge esta segunda via, com o principal objectivo de não perder ou deixar ao abandono alguns dos trabalhos do anterior.)

27/06/2024

Venenos

De fumo se veste
De noite o dia
Veneno melado
Que a pele arrepia

Sem lei nem pudor
Perdeu-se a vergonha
Em estufa se criam
Bichos com peçonha

Mordem e injectam
Veneno que atordoa
Que dá sonolência

Dá náuseas e vómitos
Descargas eléctricas
Ou causa dormência

(Publicado originalmente em 31/10/2009 no primeiro Nuvens de Orvalho)

15/06/2024

Negrura

O clarão ilumina a noite
monstro algoz
como ladrão que pela calada
da noite pesada de sono
rouba e chacina
domina a treva
pavor irrompe e pranto
sem manto que valha na dor
Depois é tarde
é manhã cedo
e o medo dá lugar
ao tremor das pernas
as mãos não sabem
mandar o corpo
não obedece
aquece o dia
a melodia é escura
que se pega
entranha
tamanha essa cor
o odor é fumo
é cinza
é pó
é negro
é dó


(Publicado originalmente em 28/11/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

14/06/2024

Lago de águas mansas

A minha alma é um lago
Tranquilo
Só soprado aqui e ali
Por brisas
Ligeiras
E ondeado ao de leve
Por alados motins
Dos seres que o habitam

Alimentam-no regatos
Sussurrantes
E beijam-no a luz
Das estrelas
E da lua cheia

Busca a cor nas flores das margens
E nas aves que o sobrevoam

Perfuma-se do nascer
E do pôr-do-sol

Enamora-se dos pingos da chuva
E do arco-íris nas nuvens

É espelho do Sol, que lhe dá a vida
Em dias de calmaria

Embora salpicado por neblinas
E temporais
É um lago
De águas mansas
A minha alma

(Publicado originalmente em 02/12/2010 no primeiro Nuvens de Orvalho)

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