(Apagado o primeiro "Nuvens de Orvalho", e depois de grande interregno, surge esta segunda via, com o principal objectivo de não perder ou deixar ao abandono alguns dos trabalhos do anterior.)

26/04/2024

Transparência

 

Abre a janela
Deixa entrar a luz do dia
Essa transparência branca
Que alumia na manhã
Clara magia
Inspira fundo e absorve-a
Observa-a sente-a
Deixa que se troque de ares contigo
Te sorria e te alimente a fantasia
Respira a luz que te cega
Esse piscar de olhos
Esse mar transparente e sorridente ar
Ainda que tímido e leve
Deixa que te leve ao coração a Luz Maior
Que é energia é poesia é cor
A maior transparência que é Vida
E a Verdade e Todo Amor 

Publicado originalmente em 24/11/2010 no primeiro Nuvens de Orvalho para:


21/04/2024

Às Vezes Há Nevoeiro

Às vezes há nevoeiro
Cerrado
Ou semidenso
Intransparência branca
Como seda de um lenço
Que acoberta vales
E montes
Ribeiros e fontes
Sonega ao olhar
Um pedaço de horizonte
É um manto
Uma parede
Um silêncio uma sede
Folha de papel em branco
Um braço que não se estende
Uma mão que não se sente
Uma luz que não se acende
Um eco que não se entende
É o sol que não se abre

(Publicado originalmente em 07/06/2011 no primeiro Nuvens de Orvalho)

20/04/2024

Negrura

O clarão ilumina a noite
monstro algoz
como ladrão que pela calada
da noite pesada de sono
rouba e chacina
domina a treva
pavor irrompe e pranto
sem manto que valha na dor
Depois é tarde
é manhã cedo
e o medo dá lugar
ao tremor das pernas
as mãos não sabem
mandar o corpo
não obedece
aquece o dia
a melodia é escura
que se pega
entranha
tamanha essa cor
o odor é fumo
é cinza
é pó
é negro
é dó


(Publicado originalmente em 28/11/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

19/04/2024

Um Ar

Um rebanho de ovelhas e cordeiros a pastar 
Um negro corvo passeia-se no meio da vegetação
O sol que incide em todos os seres e os faz brilhar
A água do campo a espelhar o sol em oração
Um bando de passarada miúda pousa no relvado
Levanta voo o corvo até ao canavial
O vento na folhagem a dar a dar
A roupa a corar no estendal
E o corvo que mostra o seu grasnar
As laranjeiras carregadas de laranjas apetitosas
O gato que afia as unhas no pilar
O cão deitado em cima da sua casota
E os sentidos afinados a esta peregrinação
Há um ar de Primavera no ar

(Publicado originalmente em 23/02/2011 no primeiro Nuvens de Orvalho)

09/01/2024

Instantes

Olho em torno de mim
Ervas, mato, giestas, pinheiros…
Carrascas caídas, pinhas, pedras…
Sol, nuvens, vento…

A natureza apela, chama, sussurra
A inebriante música das árvores
Canta calma e paz

O som do vento nas ramagens
Convida à contemplação
À reflexão
A esquecer a máquina do tempo

Os raios de sol
Sobre as pedras do outeiro
Me falam de Ti

(Publicado originalmente em 06/07/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

12/09/2023

Calem-se as palavras!

Calem-se as palavras
Ocas, vazias,
Desprovidas da razão.

Dúbias, enganosas,
Que picam no coração.

Audazes, mentirosas,
Que nos atiram ao chão.

De mel, mas venenosas...

Calem-se as palavras!
Quero fazer silêncio...

(Publicado originalmente em 25/04/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

23/08/2023

Silêncio

O silêncio plana
Em fresca brisa
E embala suavemente
Vocábulos por desenhar

Em baixo voo nocturno
Chove como melodia
Duma leveza dormente
Depondo ataraxia
De nardo em alabastro
Essência a flutuar

Fumo de aromas solene
Sopro de mãos feiticeiras
Anestesia da alma
Pérola de sonho e luar

Silêncio...
Arranco do teu piano
As notas para eu tocar

(Publicado originalmente em 29/04/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

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