(Apagado o primeiro "Nuvens de Orvalho", e depois de grande interregno, surge esta segunda via, com o principal objectivo de não perder ou deixar ao abandono alguns dos trabalhos do anterior.)

25/01/2024

Instantes

Olho em torno de mim
Ervas, mato, giestas, pinheiros…
Carrascas caídas, pinhas, pedras…
Sol, nuvens, vento…

A natureza apela, chama, sussurra
A inebriante música das árvores
Canta calma e paz

O som do vento nas ramagens
Convida à contemplação
À reflexão
A esquecer a máquina do tempo

Os raios de sol
Sobre as pedras do outeiro
Me falam de Ti

(Publicado originalmente em 06/07/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

21/10/2023

Negrura

O clarão ilumina a noite
monstro algoz
como ladrão que pela calada
da noite pesada de sono
rouba e chacina
domina a treva
pavor irrompe e pranto
sem manto que valha na dor
Depois é tarde
é manhã cedo
e o medo dá lugar
ao tremor das pernas
as mãos não sabem
mandar o corpo
não obedece
aquece o dia
a melodia é escura
que se pega
entranha
tamanha essa cor
o odor é fumo
é cinza
é pó
é negro
é dó


(Publicado originalmente em 28/11/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

12/09/2023

Calem-se as palavras!

Calem-se as palavras
Ocas, vazias,
Desprovidas da razão.

Dúbias, enganosas,
Que picam no coração.

Audazes, mentirosas,
Que nos atiram ao chão.

De mel, mas venenosas...

Calem-se as palavras!
Quero fazer silêncio...

(Publicado originalmente em 25/04/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

23/08/2023

Silêncio

O silêncio plana
Em fresca brisa
E embala suavemente
Vocábulos por desenhar

Em baixo voo nocturno
Chove como melodia
Duma leveza dormente
Depondo ataraxia
De nardo em alabastro
Essência a flutuar

Fumo de aromas solene
Sopro de mãos feiticeiras
Anestesia da alma
Pérola de sonho e luar

Silêncio...
Arranco do teu piano
As notas para eu tocar

(Publicado originalmente em 29/04/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

14/07/2023

Fuga(z)


Perpasso 
Vidas sofridas
Artes escondidas
Caminhos
Atalhos
Retalhos de partidas
Longe
Que se faz perto
Perto
Tão perto que se distancia
Olhares em que se não via
Nem sol
Nem lua
Nem nada que sorria
Alvores perdidos
E uma foz que se anuncia

(Publicado originalmente em 08/04/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

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