(Apagado o primeiro "Nuvens de Orvalho", e depois de grande interregno, surge esta segunda via, com o principal objectivo de não perder ou deixar ao abandono alguns dos trabalhos do anterior.)

25/10/2025

Pauta

Entre a música que me embala
Uma melodia me canta
Um eco acorda em verbo
Um tom se torna em cor

Um presente se conjuga
Uma saudade se espanta
Um sol que me dá sorriso
Uma canção de amor

Espero mais que um solfejo
Em cada gota de beijo
Numa sinfonia de abraços

Olhos nos olhos ensejo
Afecto e carinho almejo
Na pauta de doces traços

Publicado originalmente em 13/01/2009 no primeiro Nuvens de Orvalho

30/09/2025

Silêncios

Distraída vou respirando silêncios
Silêncios que nada falam
Silêncios que pouco dizem
Silêncios que muito calam
Silêncios que se traduzem
Em ecos inaudíveis
Irreconhecíveis quando surgem
Carregados de vazio
Silêncios em que o frio que produzem
Finjo não perceber
Mas que parece vir de uma aragem
Ou de qualquer outra viragem
Que não me apetece entender

Publicado originalmente em 05/09/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho 

22/09/2025

Verão azul

Navego no mar dos teus olhos
Mergulho nas ondas do teu cabelo
Com o sol da tua voz me aqueço

Estou árvore inteira com todos os ramos
À sombra dos quais adormeço

Perco-me nos versos que escrevo em mim
Quando me entrego ao bafo da vida
Na cor da viagem há tanto apetecida

Sonho verde em terra azul
O teu lugar de eleição
Regato onde me encontro
E nado ao ritmo do coração

Publicado originalmente em 22/08/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho 

01/09/2025

Aborrecimento

Estou aborrecida
Prostrada
Que foi que me aborreceu?

É este mundo
Uma fantochada
Onde se encontra cada figura
De uma imensa piada!

Cada pigmeu
Com ar de senhor doutor
Que para granjear um favor
Ou para ser engraçado
Se arma em gigante
Adamastor!

Um enfado
Sim, senhor.
E cá estou eu
A soltar um breve lamento
Sem conseguir pôr de lado
Um ar de aborrecimento.


Publicado originalmente em 19/10/2009 no primeiro Nuvens de Orvalho 


21/08/2025

Ensaio de poema quente


Pensei em escrever um poema quente como o Verão
Feito de rimas ricas em cachos de luar
Em que incessante falasse de calor e de amor
Mas uma lágrima tentou matreira espreitar

Em vez de calor e lua cheia
A mente abalou até outras paragens
Flutuou ao sabor de outras aragens
E se enredou toda numa teia

E mesmo se ao sonho eu sou dada
Quer esteja muito ou pouco inspirada
Sorvo aquela nuvem que me atinge
E padeço o universo da esfinge

E respiro, inspiro, suspiro, transpiro
E uma dor de cabeça me abate como um tiro
Febre de um Verão de jeito incerto
Ou de agachado Inverno olhado perto

(Publicado originalmente em 24/06/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho)

31/07/2025

Só o amor

Só o amor
Tem a força para transformar o mundo

As suas cores
Revelam-se em muitas tonalidades
Diferentes
Abrangentes
Fortes
Suaves
Luminosas
Transcendentes

Cada tom
É um dom
Pedacinho de uma aura
Protectora
Redentora
Que edifica
Que a todos pacifica

Ama
Com amor
Ágape
Philia
Eros...
Ama!
E do mundo se apartará o choro, a dor
O medo, o torpor...
E toda a Natureza
Cantará beleza

E o tempo espelhará nova cor
Em cada bocadinho de Amor!

Publicado originalmente em 31/12/2008 no primeiro Nuvens de Orvalho

26/07/2025

Palavras

Querem verter-se as palavras
No vórtice do silêncio
Como quem se despe nos versos
Que encerram um poema
Mas o silêncio confrangido e nu
Vestido só do frio que o atinge
Por mais que sinta perto
As palavras que voam no vento
Não as pode comportar
E num gesto gelado e doente
Repele-as cobardemente
Ficando a vê-las pairar

Publicado originalmente em 16/12/2009 no primeiro Nuvens de Orvalho

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